Victor Martins e Letícia Nobre
Com mais capital para investir e fazer frente aos elevados níveis de endividamento, tem aumentado a quantidade de construtoras com faturamento bilionário. Até o fim de 2009, eram oito empresas a formar esse grupo poderoso. Em 2006, apenas a gigante Cyrela contabilizava receita desse tamanho. No ano passado, passaram a compor a lista a Gafisa, a PDG Realty, a Brookfield, a MRV, a Agre, a Rossi e a Even. Firmas que, juntas, somavam, até o ano passado, patrimônio líquido de R$ 16,9 bilhões. Os dados foram levantados pela consultoria Dextron e constam no balanço divulgado pelas companhias.
O setor da construção foi impulsionado por uma série de operações de joint-venture, fusões, aquisições e contratos de parceria. Sendo 78 apenas entre 2006 e 2009. A abertura de capital nos últimos anos também foi um combustível a mais para que elas chegassem a um faturamento de cifras bilionárias. As fusões e parcerias foram uma boa sacada dessas empresas. Para algumas, impediu a falência, mas, para a maioria, serviu como forma de entrar em novos mercados correndo poucos riscos , argumenta Maurício Kerbauy, consultor da Dextron.
Enquanto a maioria das companhias perdeu patrimônio, margem de lucro e valor de mercado, as que apostaram na nova classe C registraram ganhos recordes, mesmo durante a crise. As empresas que tiveram maior valorização no mercado foram as que atuam na baixa renda. A Cyrela, por exemplo, comprou a Tenda, que atuava mais com a classe C, uma parcela da população que hoje é importantíssima para qualquer empresa , explica Kerbauy.
Mas outros desafios estão colocados. Precisamos acompanhar como o empresário brasileiro vai lidar com a situação, de forte crescimento econômico e estabilidade, pois, no Brasil, sempre se gerenciou crises , observa o consultor. Mantendo o ritmo de expansão atual, de 40% de aumento das receitas entre 2007 e 2009, a Tecnisa será a próxima a entrar nesse clube bilionário. No último ano, registrou faturamento de R$ 700 milhões. (VM)
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