“No caso de casal que se separa e o homem não paga pensão, ele pode ir para a cadeia?”, interroga o aluno Diego Alves de Sousa, 12 anos, aproveitando a visita da juíza da 6ª Vara Criminal de Brasília, Geilza Fátima Cavalcanti Diniz, à Escola Classe 8 do Cruzeiro, para entender a situação que envolve sua família. A maioria das perguntas retrata o cotidiano das crianças. Elas querem saber sobre agressão, estupro, porte de armas, racismo.
“Eles sempre trazem casos reais”, afirma a professora Claudenyse Lacerda. A opinião é confirmada pela juíza Geilza Diniz, que participa do projeto desde o ano passado. “Há muitos casos de crimes que achamos tão distantes de nós, mas que são vivenciados por estas crianças”, lamenta a magistrada que responde pacientemente a todas as perguntas. E os dedinhos não abaixam.
Para facilitar o entendimento dos pequenos, a juíza faz comparações com casos conhecidos, como o de Isabela Tainara, que será julgado por ela. Fala das técnicas utilizadas pela polícia para desvendar o crime. Diferencia crimes graves dos de menor potencial ofensivo. Explica sobre as medidas alternativas. Mostra a toga utilizada pelos magistrados. Quando a juíza compara o recurso à possibilidade de rever uma nota baixa, alguns gritam para a professora: “tia, quero recurso da prova”.
A aula de cidadania é encerrada com a apresentação da peça de teatro de bonecos “Acredite na Justiça”, do grupo Titeritar. Divertidos, os bonecos possibilitam o aprendizado das crianças por meio da brincadeira. Os personagens – interpretados pelo ator Onildo Júnior – representam vítima, ladrão, policial, delegado, juiz, promotor e advogada. As crianças são as testemunhas no julgamento.
Criado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), o Cidadania e Justiça na Escola é desenvolvido desde 2001 no Distrito Federal, numa parceria entre o Tribunal de Justiça (TJDFT), a Amagis e a Secretaria de Estado de Educação. Em 2007, o programa atendeu aproximadamente 15 mil alunos.
Fonte: Site do TJ DFT
|