Empresas que atuam no segmento de leasing, geralmente ligadas aos grandes bancos, estão colaborando para a retomada das captações de recursos a partir da emissão de debêntures no segundo semestre deste ano. Entre operações aprovadas e ainda em análise somente neste início do segundo semestre, quatro empresas deverão emitir, juntas, mais de R$ 30 bilhões. As companhias usam o mecanismo para captar recursos para ampliar sua capacidade e dar conta da demanda por arrendamento mercantil no País.
De acordo com o Sistema Nacional de Debêntures (SND), essa modalidade de financiamento totalizou R$ 4,8 bilhões nos primeiros seis meses deste ano. Para este segundo semestre, o setor programa um volume bem maior de operações. A BV Leasing já tem aprovada a emissão de R$ 4 bilhões em debêntures; a BFB leasing conta com R$ 10 bilhões aprovados e mais R$ 10 bilhões em análise; a Safra Leasing aguarda a aprovação para uma emissão de R$ 2 bilhões; e a Sudameris Arrendamento Mercantil (R$ 4,1 bilhões em análise).
As debêntures são papéis de renda fixa cujos vencimentos contemplam prazos médios e longos e cujas emissões podem ser feitas por sociedades anônimas de capital aberto ou fechado. No ano passado, de um total de R$ 69, 4 bilhões de papéis emitidos dessa espécie, mais de 60% foram de empresas de leasing. A operação é vantajosa para os bancos, que podem alocar parte dos recursos obtidos em títulos e outros ativos, e para os credores avessos à possibilidade dos riscos inerentes à carteira de renda variável.
Mais crédito de longo prazo
Uma das empresas que utilizaram a emissão de debêntures como mecanismo de captação de recursos é a BV Leasing , cuja emissão foi registrada no dia 1º de julho. Os 400 mil papéis emitidos pela companhia, que pertence ao grupo Votorantim, totalizam R$ 4 bilhões e terão duas séries de vencimentos. A primeira ocorrerá em 1º de julho de 2012 e a segunda em 1º de julho de 2027. Os juros pagos pela empresa na primeira série terão rendimento baseado em 100% da taxa DI. As da série que vence em 2027 terão remuneração baseada em juros da Taxa de Depósito Interbancário (Taxa DI), acrescida de 0,35% ao ano. Essa emissão da BV é parte integrante de outra - no valor de R$ 12 bilhões - cujo programa a empresa havia elaborado 6 meses após a abertura de seu capital em bolsa de valores, que ocorreu em junho do ano passado.Os recursos obtidos com a emissão dessas debêntures serão destinados à ampliação do número de operações de leasing a longo prazo.
"Estamos antevendo um grande potencial de demanda . Como a BV é um braço financeiro do grupo, os recursos captados vão para um caixa único. A tesouraria direciona esses valores, antes de serem destinados a operações de leasing, para aplicações em diversos outros ativos, de vários perfis", diz o gerente de mercado de capitais do Banco Votorantim, Emílio Otranto. O prospecto da operação realizada pela empresa informa que os recursos captados podem ser utilizados para a aquisição de títulos públicos federais e privados e Certificados de Depósito Bancário (CDIs).
A BFB Leasing, ligada ao grupo Itaú, cujo programa de emissão está em análise na autarquia, emitirá R$ 20 bilhões em debêntures. Desse valor, R$ 10 bilhões, segundo o SND, já estão aprovados. Os papéis vencem em 2027 e, em 2012, serão analisados por um mecanismo conhecido como "repactuação programada". Por esse instrumento, a emissora poderá conseguir a amortização dos juros a serem pagos futuramente.
Em junho, a Sudameris Arrendamento Mercantil iniciou o movimento das empresas do setor de leasing nesse tipo de operação, entrando com um pedido para emitir títulos. O valor da emissão de debêntures da empresa, ainda em análise pela CVM, poderá chegar a R$ 4,1 bilhões. Os papéis vencerão em 2017 e o pagamento renderá aos credores juros de 100% da Taxa DI.
Fonte: Jornal DCI - SP
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