VANESSA NUNES
Os supermercados hi-tech, o setor de estoque é avisado quando um produto é retirado da prateleira. Com a substituição dos códigos de barra por etiquetas eletrônicas inteligentes, o cliente também não precisa passar os itens um por um no caixa, mas todos de uma vez. É na tecnologia que torna essas cenas possíveis que o Rio Grande do Sul pretende ser uma referência nacional.
Um novo passo nesse trajeto será dado hoje em Porto Alegre com a apresentação do protótipo do primeiro chip de identificação por radiofreqüência (RFID, na sigla em inglês) projetado no país. Na memória desses dispositivos são gravadas informações sobre o produto, que podem ser lidas por ondas de rádio. Entre inúmeras outras aplicações, isso facilita no controle de estoque e distribuição de mercadorias.
O chip gaúcho é resultado de uma parceria entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), a empresa Innalogics e o Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), a partir de um investimento de R$ 900 mil da Financiadora de Estudos e Projetos. Os participantes desenvolveram o layout do circuito integrado (como se fosse a sua planta de uma construção). A partir desse projeto foi feito um protótipo na Alemanha.
A fase de testes termina em setembro, quando começa a fabricação em escala industrial. Como a fábrica do Ceitec ainda não está pronta, o primeiro lote de 45 mil unidades virá, até o fim do ano, da Alemanha, mas produzido a partir do projeto gaúcho.
- Assim que a fábrica estiver funcionando, alguns dos nossos projetos de chip poderão ser fabricados aqui. Vai depender de contratos futuros - afirma Sérgio Dias, diretor-presidente do Ceitec.
Até então o Brasil precisa importar os componentes dessas etiquetas eletrônicas (antena e chip) e montá-las aqui ou comprá-las já integradas. Com a produção local, o custo deverá cair pela metade. Além disso, a iniciativa projeta o Estado como pólo de tecnologia da informação e microeletrônica, opina o secretário da Ciência e da Tecnologia do Estado, Pedro Westphalen.
- É uma solução com potencial de exportação e que pode ainda impulsionar a indústria nacional. Estamos desenvolvendo a solução completa, desde o chip, as antenas, o leitor móvel e até o software que faz a interface entre a etiqueta e o usuário - afirma o professor da PUCRS Fabiano Hessel, coordenador do projeto.
Mostra do potencial de mercado, a Innalogics já foi procurada por empresas interessadas no produto, incluindo uma multinacional fabricante de hardware.
( vanessa.nunes@zerohora.com.br )
Fonte: Zero Hora - Porto Alegre
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