De acordo com o IBGE, dados do Registro Civil no Brasil relativos a 2004 mostram que o número de separações judiciais e divórcios vem aumentando gradativamente na Paraíba. De 1993 a 2003, o volume de separações subiu de 793 para 1.058, reduzindo um pouco em 2004, chegando a 1.010. O número de divórcios também cresceu em uma década, passou de 2.009, em 1993, para 2.635, em 2003. Apenas em 2004, houve uma redução, passando de 2004 para 2.601.
Mas, se o divórcio é algo permitido e possível para todos, para alguns pastores evangélicos, divórcio significa abrir, literalmente, mão do trabalho de missionário. “Na nossa igreja há algumas divergências de opiniões, mas, na nossa doutrina, só existe um pensamento: a de que o divórcio não deve existir. Zelamos por isso. Divórcio para pastores, a gente não aceita”, diz o pastor Rosildo Ferreira, da Assembléia de Deus de Missões de João Pessoa.
Uma opinião pra lá de radical? Não mesmo, garante o pastor. O divórcio pode até existir entre os membros da igreja, mas para quem tem a missão de ser um orientador da igreja, não justifica. “Seria algo muito constrangedor. Como é que aquele pastor vai ensinar suas ovelhas, que exemplo ele vai ensinar?”, questiona.
Segundo o pastor, na Bíblia também está lá: “O que Deus une, o homem não separa”. Portanto, divórcio não é visto com bons olhos nem mesmo entre os integrantes da igreja, mas nesse caso pode acontecer. Já para quem atua como pastor, nem pensar. E se ele estiver extremamente infeliz com o casamento? “Aí ele vai ter que escolher, até porque ele precisa ser feliz. Mas ele vai ter que abrir mão do pastorado”, reforça. Homens e mulheres enfrentam dificuldades Se para algumas igrejas, trabalhar como pastor e ser divorciado é algo, no mínimo, complicado, imagine ser uma mulher pastora e também divorciada. A pastora da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, Suênia Marques, sabe bem o que é isso. Ela, que foi a primeira mulher a assumir a liderança de uma igreja Batista na Paraíba, diz que mesmo com um pensamento mais aberto dos membros da Batista, no início teve que conviver com um pouco de desconfiança por parte das suas ‘ovelhas’. “Há sempre um pouco de preconceito. Tanto por ser mulher quanto pelo divórcio. Na igreja em que era missionária, a maioria dos membros era de mulheres; percebia que elas se sentiam um pouco enciumadas, como se questionassem algo do tipo: será que uma pessoa divorciada pode orientar um casal? Por outro lado, encontrei respaldo para falar sobre o meu divórcio. Eu era muito jovem, imatura e não conhecia o que dizia o evangelho”, conta ela, ressaltando que, se fosse diferente, talvez a separação não tivesse acontecido.
Hoje - ela que começou a trabalhar como pastora em 1998 e que fundou uma igreja Batista no bairro de Mangabeira - casou novamente e se diz muito feliz. “O divórcio traz muitas dificuldades e também uma certa paz. No meu caso, trouxe essa paz. Se eu não tivesse me divorciado, talvez não tivesse me dedicado tanto à palavra de Deus”, conclui.
Fonte: Jornal da Paraiba - PB (16/10/2006)
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