Um mês após entrar em vigor resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obrigou os cartórios a realizarem casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, foram realizados 231 uniões formais homoafetivas nos cartórios de registro civil de 22 capitais, conforme levantamento divulgado nesta quarta-feira (26) pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). A entidade diz representar 8 mil cartórios do país.
A pesquisa se refere a casamentos realizados entre o dia 16 de maio, quando a resolução entrou em vigor, e 16 de junho em 220 cartórios das 22 cidades. Em 16 de maio, o CNJ determinou que os cartórios de todo o Brasil realizassem tanto a conversão da união estável entre pessoas do mesmo sexo para o casamento quanto o casamento diretamente.
A resolução foi tomada com base em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar a união estável homoafetiva. De acordo com o levantamento da associação, São Paulo foi a capital que mais registrou casamentos civis um mês após a resolução, com 43 celebrações.
A capital paulista realizava casamentos homoafetivos desde março, antes da resolução do CNJ, segundo a Arpen-Brasil. Em segundo lugar em número de celebrações está Goiânia, com 22, seguida por Curitiba (18), Fortaleza (18) e Rio de Janeiro (18).
De acordo com o levantamento, Palmas (Tocantins), Rio Branco (Acre), Maceió (Alagoas) e Macapá (Amapá) não realizaram nenhum casamento gay entre 16 de maio e 16 de junho. A pesquisa não coletou dados em Natal (Rio Grande do Norte), Teresina (Piauí), São Luís (Maranhão), João Pessoa (Paraíba) e Aracaju (Sergipe).
Para o presidente da Arpen-Brasil, Ricardo Augusto de Leão, o número de casamentos homoafetivos tende a aumentar nos próximos meses. “A procura por estas celebrações vem crescendo na medida em que as pessoas vão vendo seus direitos serem garantidos e respeitados pela sociedade”, disse.
Mesmo antes da resolução do CNJ, alguns cartórios já realizavam casamentos homoafetivos, conforme a associação. De acordo com a Arpen-Brasil, nos estados de São Paulo, Bahia, Piauí, Paraná, Alagoas e Espírito Santo decisões das corregedorias locais permitiam as celebrações.
Em outros estados o procedimento dependia de autorização judicial, o que possibilitava que no mesmo estado um juiz de uma cidade autorizasse o casamento gay, enquanto o de outra cidade não.
União estável x casamento civil
Segundo Rogério Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), união estável e casamento civil garantem os mesmos direitos sobre bens.
Nos dois casos, há um contrato assinado em cartório. A diferença é que, pela união estável, o cidadão continua solteiro no estado civil.
"Atualmente, se os direitos são estabelecidos no contrato, é a mesma coisa que um casamento. Se convenciona o que cada um tem dever, que os bens adquiridos antes e durante não comungam (se dividem) ou se todos os bens comungam."
Ao abrir uma conta bancária, por exemplo, um cidadão oficialmente solteiro, mesmo que tenha união estável, não precisa indicar os dados do companheiro. Já o casado, precisa.
"O casamento é uma união formal. É possível se estabelecer comunhão parcial, comunhão total ou separação parcial. Mas se houver um contrato, a união estável dá os mesmos direitos.
Número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo por capitais
São Paulo 43
Goiânia 22
Curitiba 18
Fortaleza 18
Rio de Janeiro 18
Belo Horizonte 17
Salvador 17
Campo Grande 16
Porto Alegre 15
Brasília 14
Belém 10
Florianópolis 7
Manaus 4
Vitória 4
Boa Vista 3
Cuiabá 2
Recife 2
Porto Velho 1
Palmas, Rio Branco, Maceió e Macapá não realizaram casamentos
Fonte: Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil)
Fonte: Site G1
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